João Escoto Erígena nasceu entre os anos de 800 a 815 da nossa era. Irlandês de nascimento, deixou o seu país muito cedo e exerceu importantes funções na corte de Carlos, o Calvo. Envolveu-se, a pedido do Arcebispo de Reims, numa querela com Gottschalk a respeito da predestinação. Contudo, a sua obra (De Praedestinatione), que nascera para combater a heresia acerca da referida questão, foi considerada, ela própria, herética, pelo sínodo de Valenciennes, em 855. Erígena parece ter conhecido o grego. Depois da morte de Carlos, o Calvo, perdemos definitivamente o seu paradeiro. Para a filosofia medieval, a sua maior contribuição foi a de haver traduzido, do grego para o latim, o Corpus Areopagiticum.
No nosso texto, abordaremos a questão da concordância entre razão e fé em Erígena. A fim de levarmos a cabo esta empresa, discorreremos, antes de qualquer coisa, acerca da concepção dos três estados da razão que Erígena desenvolve. Em seguida, analisaremos como, na sua perspectiva, a fé é condição para a inteligência. Posteriormente, verificaremos que ele distingue a autoridade humana da autoridade divina. Mostraremos também como, em Erígena, ainda persiste uma confusão entre filosofia e teologia e, mesmo, entre filosofia e religião. Por fim, apresentaremos as considerações finais ao texto.