Este artigo versa sobre o pensamento de Justino, filósofo e mártir cristão do século II. Descreveremos o seu itinerário espiritual pelas escolas filosóficas (peripatética, pitagórica e estóica) da antiguidade tardia até o seu encontro com o platonismo e a sua conversão ao cristianismo, no qual encontrou a realização do seu ideal de filósofo: buscar Deus, encontrá-Lo e permanecer unido a Ele. Apreciaremos a sua doutrina acerca do logos; segundo a mesma, Cristo – Logos total – teria iluminado os filósofos de antanho. De acordo com esta concepção, os filósofos da antiguidade teriam possuído parcialmente o logos, mediante “razões seminais”. Por esta participação, teriam chegado a conhecer certas verdades concernentes a Deus e aos costumes, o que fez com que muitos deles vivessem uma vida de acordo com a virtude, merecendo-lhe assim o epíteto de “cristãos antes de Cristo”. Ainda segundo Justino, isto os tornaria ancestrais dos cristãos e faria com que as doutrinas verazes por eles esposadas pertencessem aos cristãos que vivem em conformidade com o Verbo total, revelado em Cristo, Verbo Encarnado. Então, os seus seguidores, se quiserem permanecer fiéis a eles, devem aderir ao cristianismo, onde se encontra a plenitude do Logos. Após considerarmos estes aspectos do pensamento de Justino, teceremos os comentários finais sobre o texto, onde concluiremos ser o nosso filósofo o pai do humanismo cristão e iniciador de uma cristianização da história da humanidade. |