O presente texto trata da virtude da religião e da caridade. São dois temas caros à ética tomásica. No que concerne à religião, em primeiro lugar, situá-la-emos na obra de Tomás. Veremos que se de uma virtude social, anexa à virtude da justiça. Em seguida, arrolaremos os elementos que a constituem: santidade, devoção, contemplação e oração. Posteriormente, perguntar-nos-emos se a virtude da religião, em Tomás, é abordada apenas do ponto de vista natural ou se ela é justamente o momento em que ocorre a intersecção, na síntese tomasiana, entre o natural e o sobrenatural, entre a natureza e a graça, entre a filosofia e a teologia. Tendo em vista estas considerações, abordaremos a questão das virtudes morais naturais e das virtudes morais sobrenaturais. No que toca às virtudes morais, distinguiremos os seus princípios delas próprias. Já no que diz respeito às virtudes morais sobrenaturais, faremos a distinção entre as virtudes morais sobrenaturais e as virtudes teologais. E, na consideração das virtudes teologais, privilegiaremos a virtude teologal da caridade, à qual todas as outras virtudes, tantos as naturais como as sobrenaturais, estão conexas, na perspectiva de Tomás. O eixo da nossa abordagem será a clássica distinção entre o fim último da cidade terrena e o fim último da cidade de Deus.
Em nossa exposição, teremos dois textos básicos: a Summa Theologiae de Tomás, na sua mais recente tradução brasileira – empresa de fôlego das Edições Loyola –, que resultou no aparecimento de nove volumes, entre os anos de 2001 a 2006, e o clássico Le Thomisme (1919) de Étienne Gilson, o qual frequentaremos na sua versão castelhana (1951) – única autorizada do original francês – por Alberto Oteiza Quirino: El Tomismo: Introducción a La Filosofía de Santo Tomás de Aquino. |