Esta resenha pretende falar acerca da condição de possibilidade de toda ciência possível em Kant. Não é nossa intenção, nem de longe, exaurir o tema, mas apenas apresentar alguns conceitos que, segundo a nossa perspectiva, parecem determinantes para esclarecer os limites e possibilidades do conhecimento científico em Kant.
A fim de levarmos a cabo a nossa proposta, começaremos por distinguir alguns conceitos, discriminando-os. Assim, tentaremos estabelecer o que, para Kant, constitui uma experiência, e como ele define sensibilidade, sensação e intuição. Partindo disso, acreditamos poder explicar como se molda uma intuição empírica, e o que distingue a “coisa-em-si” do fenômeno. Em seguida passaremos a trabalhar a temática dos juízos, buscando diferenciar os analíticos dos sintéticos, e os sintéticos a posteriori dos a priori. Posteriormente, envidaremos esforços para mostrar, ainda que concisamente, como, segundo Kant, são os juízos sintéticos a priori que condicionam a existência das ciências matemáticas e físicas.
Abordaremos a questão relativa às formas a priori do conhecimento, tanto no que concerne às intuições ou formas puras da sensibilidade – espaço e tempo – quanto no que diz respeito às categorias ou conceitos puros do entendimento, e falaremos, ademais, acerca das ideias reguladoras da razão. Neste passo, tentaremos demonstrar como Kant distingue o entendimento, como faculdade de julgar, e a razão, como faculdade silogística. Acenaremos para a impossibilidade que Kant levanta à metafísica tradicional, suspendo-a quanto a sua pretensão de ser uma ciência; por fim, concluiremos tentando avaliar, ainda que sucintamente, quais sejam as principais repercussões da sua crítica para a teoria do conhecimento.
Transitaremos, na nossa abordagem, pela edição brasileira da editoria Nova Cultural da Crítica da Razão Pura, com tradução de Valério Rohden e Udo Baldur Moosburger. Valer-nos-emos, particularmente, das páginas que abrangem o Prefácio à Segunda Edição, a Introdução e a Estética Transcendental. Todavia, quando for necessário, tomaremos a liberdade de ultrapassá-los. |