CAMPOS, S. L. B. Gêneros Literários e Formas do Saber na Universidade de Paris do Século XIII. pp. 89-117. In: SANTOS, Ivanaldo (Org.). Linguagem e Epistemologia em Tomás de Aquino. João Pessoa: Ideia, 2011. pp. 89-117. Este foi um dos trabalhos que fizemos para uma das disciplinas da Pós e que depois transformamos em artigo. Acabamos sendo contemplado com uma publicação, num projeto estupendo. A ideia inicial era mostrar como os medievais entregaram a nós um esplêndido legado cultural e educativo, no qual acontecia, naturalmente, a tão desejada “educação integral”, hoje capturada por ideologias. Ademais, no movimento do texto tentamos demonstrar que um dos lugares privilegiados da aprendizagem, no medievo, era o ensino. Os alunos eram avaliados e treinados nas chamadas disputas. Enquanto ensinavam e debatiam é que aprendiam. Havia uma sinergia entre docência e aprendizado. Foi só depois que nasceu a figura do “professor onisciente”. Falamos do pedantismo da Renascença. O capítulo segundo deste ensaio, que não tivemos tempo de desenvolver, seria para mostrar como a modernidade transformou em problemas as soluções que dos antigos recebeu. Os escolásticos, com a sua concepção de teologia como ciência, deixaram-nos a clara delimitação das ciências naturais com Alberto Magno, a fronteira tão bem demarcada entre filosofia e teologia com Tomás de Aquino, e nós as perdemos com a desculpa do Paraíso – passar a culpa pro outro – tornando a Idade Média o “terreno baldio” dos lixos que nós próprios criamos. Não é difícil calcular o quanto decaímos: se pensarmos que, com todos os nossos recursos, tecnologia, erudição, edições críticas, com todos os avanços da informática, etc., nenhum de nós, não digo fazer, mas sequer explicar como pôde ter sido feita, sem nenhum destes recursos, a Suma de Teologia de um Tomás de Aquino, é um sinal visível de nossa decadência. Lendo e relendo os grandes comentaristas modernos de Aristóteles, é simplesmente incrível que, com todas as obras do filósofo nas mãos, com o conhecimento do grego e de posse de edições críticas apuradíssimas, recorram ainda a todo instante ao velho Tomás, que não tinha fluência no grego e não se pôde valer de todas as obras do Estagirita. O que aconteceu conosco?
Segue anexa: versão revista e corrigida pelo autor |