Em outra empresa, havíamos tecido inúmeros comentários ao texto de Pieper: O Caráter Problemático de uma Filosofia Não-Cristã. Entretanto, não nos damos por satisfeitos e, dada a riqueza inesgotável de tal texto, houvemos por bem retornar a ele.
Esta intervenção de Pieper, ao que tudo indica, teve por motivação a declaração de Heidegger, segundo a qual uma filosofia cristã seria como um círculo quadrado. Pieper, no presente texto, nada mais faz que inverter esta sentença. De fato, para ele, um círculo quadrado seria antes um ato de filosofar que prescindisse da Revelação cristã.
Pieper, atento à “malícia” da sentença heidegeriana, procedente do fato de este pensador não admitir a legitimidade do caráter suprarracional que uma filosofia cristã sempre supõe, opta por frequentar os textos dos primeiros filósofos gregos. Quer ele mostrar com esta atitude, que o suprarracional, longe de lançar dúvidas sobre a autenticidade e legitimidade do filosofar, pode ser, ao contrário, considerado como uma de suas características primordiais. |