No presente artigo, versaremos sobre a via da analogia, no que tange ao conhecimento de Deus em Tomás de Aquino. Ater-nos-emos a sua teologia natural. Começaremos arrazoando acerca da impossibilidade de termos, nesta vida, um conceito positivo, seja ele perfeito ou imperfeito, da essência divina em si mesma. Em seguida, explanaremos acerca da via analógica. Antes de tudo, colocando-a como uma questão. Continuando, abordaremos o fundamento do procedimento analógico. Posteriormente, tentaremos explicar em que consiste a equivocidade. Dando prosseguimento ao nosso artigo, apresentaremos a analogia como um termo médio entre a pura equivocidade e a univocidade. Depois passaremos a expor os dois modos de analogia concebíveis, discriminando qual deles aplica-se a Deus. Feito isso, esmeraremos por precisar qual o relacionamento existente entre o conhecimento analógico e a essência divina. Tentaremos frisar que a analogia não visa a dar-nos um conhecimento positivo do que seja a essência divina em si mesma. Esforçar-nos-emos por explicitar a razão pela qual a analogia não nos pode fornecer um conceito positivo da essência divina em si mesma, abordando tal questão a partir da teoria do juízo. Assim faremos, explicando como Tomás aplica o procedimento analógico, precisamente no âmbito do juízo. Por fim, passaremos à conclusão, frisando como a via analógica acaba sendo a síntese entre a teologia negativa e afirmativa, em Tomás de Aquino.
Vale ressaltar que, a cada nova questão arrolada, isto é, a cada novo tópico, retomaremos sempre certas conclusões que nos parecem basilares no pensamento de Tomás sobre a analogia. Tal retomada, num primeiro momento, pode dar a impressão de uma repetição de temáticas. Entretanto, não pudemos nos furtar a esta retomada, pois nos parece ser ela que nos firmará no fundamento da doutrina analógica, que, até onde conhecemos de Tomás, é um dos pilares do seu pensamento. Outrossim, haverá ao longo do texto, uma série de notas de roda pé, que serão imprescindíveis para quem quiser entrar nas minudências desta complexa temática. Além dos textos clássicos da Summa Theologiae e da Summa Contra Gentiles, dispensaremos particular atenção às precisões de Étienne Gilson, no clássico: Le Thomisme. Introduction au Siystème de Saint Thomas D’aquin (1919). Valer-nos-emos da versão castelhana (1960) da obra – única autorizada do original francês – vertida por Alberto Oteiza Quirino em: El Tomismo: Introducción a La Filosofía de Santo Tomás de Aquino.