Como podemos apresentar esta primeira aproximação? Uma afirmação, que remonta ao poeta Virgílio, retomada por Sua Santidade – o Papa emérito Bento XVI, em sua Encíclica “Deus Caritas est” –, inspira-nos: “Omnia vincit amor et nos cedamos amori (...)” [O amor tudo vence, rendamo-nos também nós ao amor] (Bucólicas. X, 69). Outra passagem, muito significativa para nós, porque complementa e especifica de que amor estamos falando, é a afirmação evangélica: “Ninguém vem a mim, se o Pai que me enviou, não o atrair” (Jo 6, 44). Deus nos atrai pelo amor. Agora bem, o que é amar e ser amado? Não conseguimos pensar em outra coisa, senão na máxima doutro poeta, a saber, Salústio – também citado pelo Papa Bento – o qual define o ato de amar da seguinte forma: “Idem velle atque idem nolle” [Querer a mesma coisa e rejeitar a mesma coisa] (De coniuratione catilinae. XX, 4). De fato, os cristãos eram um só coração e uma só alma e, segundo Tertuliano, era isto que os distinguia dos demais e atraía a atenção dos não-cristãos: “Videte, quam amant” [Vede como (se) amam]” (Apologeticum. 39, 7). Enfim, quando solicitado acerca da riqueza da Igreja, São Lourenço – grande expoente da caridade eclesial – mostrou às autoridades os pobres (AMBRÓSIO. De officiis ministrorum. II, 28). Acerca da relação caridade e oração, apenas uma palavra de Santo Agostinho: "Saibam também que aos ouvidos de Deus não chegam palavras, mas o afeto do coração" (AGOSTINHO. Primeira catequese aos não cristãos. Trad. Paulo Antonino Mascarenhas Roxo. São Paulo: Paulus, 2013. IX, 13). |