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Tomás de Aquino
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Resposta
por: - Data:24/04/2011 às Horário: 00:27
O conhecimento científico é hipotético e conjectural
Anexos do Artigo: 

Um breve proêmio esclarecerá melhor o que propomos, neste momento. O tema é justamente o que ilustra o título: parece que o conhecimento científico é hipotético e conjectural.

O nosso texto comportará fases. Antes de tudo, tentaremos distinguir, sem separar, a História da Filosofia do que a compreendem: os filósofos e suas obras (Ex. de um filósofo e uma obra: Descartes e o Discurso do Método), os sistemas que criaram (Ex. de um sistema: o sistema hegeliano, que contempla todas as áreas da filosofia), os movimentos filosóficos aos quais estavam vinculados (Ex. de movimentos filosóficos: o movimento positivista e neopositivista), a escola propulsora destes movimentos (Ex. de uma escola: a escola tomista, que impulsionou o movimento neoescolástico e neotomista), os paradigmas filosóficos nos quais estavam inseridos (Ex. de um paradigma: o teocentrismo medieval, o antropocentrismo moderno e o cientificismo contemporâneo. Para os medievais, não se podia filosofar sem Deus; para os modernos, sem o homem; para a contemporaneidade, sem a ciência). Temos, ainda, as temáticas ou questões (Ex. de uma temática e de uma questão: a ética é uma temática e a questão da imputabilidade, uma questão da ética). Embora os sistemas ou sínteses esmerassem contemplar todas as temáticas, eles tinham sempre um fio condutor, o fio de Ariadne, ou seja, uma questão principal de onde partiam. Posteriormente, tentaremos mostrar que, por trás de todo este complexo esquema, há, finalmente, uma intuição simplicíssima, que é o princípio e o fundamento de toda esta rede e que, na verdade, a gerou.

Como vimos acima, a filosofia se descobre como sendo um desdobramento de temas diversos, mas sempre de algum modo ligados à sua própria natureza, que é um certo tipo de conhecimento: o conhecimento pelo conhecimento:

 

(...) se os homens filosofaram para libertar-se da ignorância, é evidente que buscaram o conhecimento só com a finalidade de saber e não para alcançar alguma utilidade prática.

 

Neste sentido: a filosofia é, fundamentalmente, teoria do conhecimento, ou seja, uma constante reflexão acerca de si mesma, no sentido de ter sempre de voltar-se para si mesma, a fim de compreender-se enquanto tal. Só desta forma pode avançar no conhecimento puramente racional da totalidade das coisas, na unidade das suas causas supremas:

 

O sábio sabe todas as coisas nesse sentido que as conhece nas suas causas supremas, mas não sabe e está infinitamente longe de saber o todo de todas as coisas. Aliás, a ignorância não é erro: à Filosofia é suficiente saber com certeza aquilo que nos importa essencialmente saber; além disso, é preferível não saber as coisas que desviam o espírito do saber mais elevado, segundo a expressão de Tácito: nescire quaedam, magna pars Sapientiae.

 

Mas em tudo isso, para nós, mister é, antes de qualquer coisa, compreendermos o que é o conhecimento: uma assimilação que se dá pela análise e síntese do seu objeto, na qual o que é conhecido passa a existir naquele que conhece. Feito isto, seguiremos tentando mostrar que é possível ler a História da Filosofia, dialogando com os seus autores e não simplesmente repetindo o que eles disseram. Buscaremos frisar que este diálogo, logos por logos, não se deve prender tanto ao corpo teórico do autor ou a quaisquer dos desdobramentos que elencamos acima, mas na intuição simplicíssima de onde ele brotou. Digam o que disserem desta intuição, seja ela entendida como princípio ou fundamento, o fato é que ela é viva e vivificadora, pois foi ela que impulsionou a geração destes corpos teóricos que conhecemos pelas obras dos filósofos e que atestam um esforço ingente e, por vezes, verdadeiramente sobre-humano, de vidas que não conheceram lazeres prolongados. Não que se deva descurar de tudo quanto falamos acima, mas não se pode parar em paradigmas, escolas, autores e mesmo em obras, passagens e sequer temas ou questões, mas deve-se chegar ao espanto como phátos, princípio do filosofar e responsável pela sua constante renovação. No princípio da História da Filosofia, era o filosofar, oriundo do espanto e de uma intuição simplicíssima.

O problema que identificamos é que estes fundamentos ou princípios nem sempre permaneceram tão sólidos quanto parecem na história do pensamento filosófico, talvez porque certos autores não souberam dar-lhes a devida consistência em suas sínteses. Por isso, urge observar se os sistemas que se assentam sobre eles estão realmente a eles vinculados de forma coerente. É simplesmente um fato que nem todas as correntes ou escolas filosóficas deram conta de justificar os seus princípios, as suas intuições. Ressaltar esta insuficiência no que toca ao paradigma cientificista e aos seus sequazes, eis a nossa empresa. Por cientificismo entendemos a ideia segundo a qual a empiria é a única e exclusiva forma de conhecimento, tão segura e válida quanto inquestionável e absoluta. Ante ela, todas as demais formas de conhecimento são reles. Na nossa fala, questionamos o cientificismo quando este nega a nega a inviolabilidade da intimidade. E tentaremos mostrar a inconsistência da metodologia experimental, para quebrar esta inviolabilidade. Por fim, faremos uma síntese dos resultados obtidos, mostrando como níveis qualitativamente diversos de crença atuam, inexoravelmente, em todos os setores da vida, inclusive no científico e cientificista.

Para empreendermos tal indústria, bem se vê que não será necessário mantermos um comércio exaustivo com todas as obras dos autores que defendem esta postura ou com o conjunto de ideias que vigoram neste movimento e nas escolas que o promulgam, mas apenas com os seus fundamentos ou princípios, vale dizer, com a intuição originária de onde dimanou. No ínterim da nossa investigação, se conseguirmos detectar que os propulsores do cientificismo não estão sendo coerentes com o que se propuseram ou que os seus próprios princípios não se justificam, teremos cumprido a nossa missão. Não queremos questionar a ciência e nem o uso da ciência pela Filosofia, mas ao cientificismo e ao cientificismo na filosofia.

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   Documentos da notícia:
 conhecimento_cientifico_hipotetico_conjectural.pdf
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