De Atenágoras, sabemos que era filósofo e nascido em Atenas. Sua obra, Petição em Favor dos Cristãos, foi dirigida ao imperador estóico Marco Aurélio. Outra obra de sua lavra é o tratado Sobre a Ressurreição dos Mortos. Tratado particularmente significativo para a história das relações entre fé e razão. Nele, o nosso filósofo distingue o possível do necessário. Desta feita, primeiramente põe-se a provar que a ressurreição da carne não é impossível; depois, propõe-se demonstrar que ela é necessária. Sabe distinguir igualmente o argumento racional do apelo à fé. Prova disso é que, em nenhum momento da obra reservada à razão, vemo-lo apelar à ressurreição de Cristo. Sabe distinguir, ademais, um discurso que visa a defender a verdade daquele que visa apenas a expô-la. Foi Atenágoras, além disso, quem primeiro soube perceber, na doutrina platônica, para a qual o homem é a sua alma, as dificuldades que esta levantava para o dogma da ressurreição da carne. Desta sorte, tais dificuldades fizeram-no aderir à concepção aristotélica do homem: o homem é naturalmente um ser constituído de alma e corpo.
Neste artigo, contemplaremos a sua prova da unicidade do Deus cristão. Deter-nos-emos, ademais, nos argumentos que arrola para defender a possibilidade da ressurreição e nos que colige para defender a necessidade da mesma. Tentaremos tornar patente durante a nossa abordagem, como Atenágoras distingue dois momentos na apologia: o da defesa da verdade e o que simplesmente a expõe. Também esmeraremos por evidenciar como ele distingue o argumento racional do argumento de autoridade, que apela à fé. Por fim, teceremos os comentários finais.