Conduzir o homem a Deus, este é o objetivo da filosofia de Boaventura. Ela nada mais é do que uma estação na nossa viagem de volta ao Criador. Entretanto, para que a filosofia sirva eficazmente a este fim, importa que ela esteja sempre subordinada à teologia. Ainda que perca com isso a sua autonomia, a filosofia ganha um novo e maior significado para o homem, pois se torna o ponto de transição entre a fé pura e a teologia. A filosofia sucede à fé e, ipso facto, pressupõe-na, mas precede a teologia. Nosso artigo pretende mostrar como estas questões se articulam na obra do mestre franciscano. Tentaremos estruturá-lo mediante duas tríades. A primeira delas é: amor, fé e filosofia. A primazia cabe ao amor, pois por ele nossa vontade assente a Deus pela fé e busca conhecê-lo: seja mediante a razão, elevando-se das criaturas ao Criador (filosofia), seja mediante a fé, aprofundando-se no conteúdo da mesma fé (teologia). Nesta fase, urge mostrar que, segundo Boaventura, aqueles que filosofaram fora da fé, caindo em terríveis erros, tiveram a sua inteligência obscurecida. A segunda tríade é: a graça, o Cristo e a prece. A graça crística é a cabeça desta tríade. Por ela, Deus corrige a vontade do homem, degenerada pelo pecado, para que, amando-O, adira a Ele pela fé e o busque quer pela filosofia e teologia, quer pela mística, a fim de alcançá-lo na visão da glória, que só ocorrerá na Pátria. Ora, só conseguimos ser renovados pela graça, se a suplicarmos pela oração. Nossa análise procurará encerrar-se pela consideração do filosofar na fé segundo São Boaventura. |