Jacques Maritain nasceu em Paris, a 18 de novembro de 1882. Em 1900, começa os seus estudos em Letras na Sorbonne, onde conhece Raissa, que desposará em 1904. Em 1905, depois de uma juventude agnóstica, converte-se, ao lado da esposa – que era judia –, ao catolicismo, vindo a receber o Batismo no ano seguinte. De 1906 a 1908 fica em Heidelberg, onde estuda Biologia. De 1909 a 1923, dedica-se ao estudo do pensamento de Tomás de Aquino, de quem se tornará insigne intérprete. Desta fase é o seu primeiro artigo: A Ciência e a Razão Moderna. Data de 1914 o seu primeiro livro: La Philosophie Bergsonienne, que representa uma espécie de manifesto que anuncia o renascimento da filosofia tomista. Além de Bergson, foi influenciado pelo romancista Léon Bloy. Entre os tomistas, cultivou frutuosa amizade com Gilson e Garrigou-Lagrange. Fecunda também foi a influência que sofreu dos comentadores clássicos do tomismo. Quanto às questões relativas à Suma Teológica foi influenciado máxime por Caetano, no que toca à lógica e à cosmologia, mormente por João de Santo Tomás.
Ainda em 1914, torna-se professor de Filosofia do Instituto Católico de Paris e é nomeado Doutor da Sagrada Congregação para os seminaristas e universidades. Em 1920, dá início a um ciclo de reuniões – que durará até 1939 –, donde surgirão os chamados Círculos de estudos tomistas. Publica Antimoderne em 1922. A sua obra-prima e a melhor introdução ao seu pensamento é: Distinguer pour unir: Les degrés du savoir, de 1932. Todavia, a sua obra mais famosa foi Humanisme intégral, de 1936. Deu aulas em universidades americanas, onde se exilou com Raissa por ocasião da eclosão da Segunda Grande Guerra. Escreveu também sobre estética, educação, ética e política. Morreu em Tolouse em 1973.
A seguir, faremos uma pequena reflexão acerca da primeira lição do seu clássico: Sept Leçons Sur L’être. Nela, versaremos sobre o ser, tomado em sua universalidade, isto é, cuidaremos de tratar do ser enquanto ser e suas peculiaridades. Em seguida, tentaremos explica como o homem atinge o ser enquanto tal em virtude da sua própria natureza racional. Em seguida, cumprir-nos-á estabelecer qual a relação do ser enquanto tal com a tradição e com o progresso, e como estes dois últimos se podem conciliar numa ontologia de cunho metafísico. Importar-nos-á distinguir os dois tipos de progressos possíveis, conforme os níveis de abstração de uma determinada ciência: o progresso por substituição, próprio das ciências naturais, e o progresso por aprofundamento, próprio da metafísica. Ser-nos-á mister explicar a referida distinção, a partir de uma outra, presente de algum modo em todas as ciências: o mistério e o problema. Onde predomina o mistério, impõe-se o progresso por aprofundamento; onde há predominância do problema, prevalece o progresso por substituição. Depois, lançaremos um olhar sobre qual pode ser a repercussão destes dados na síntese tomásica hodierna. Seguir-se-ão as considerações finais do texto. Na nossa abordagem, abraçaremos a edição brasileira das Sept Leçons Sur L’être: Sete Lições Sobre o Ser, lançada pelas Edições Loyola e que conta com tradução de Nicolás Nyimi Campanário.