Estes apontamentos sobre a educação em Agostinho foram feitos a partir do opúsculo De Catechizandis Rudibus, obra catequética escrita a pedido do diácono Deogratias de Cartago, no ano 405 da nossa era. Ora, Deogratias era responsável por transmitir os rudimentos da fé cristã aos candidatos ao catecumenato. Com efeito, ele se angustiava com a sensação de não conseguir passar o conteúdo da fé com clareza e entusiasmo: “Na verdade, o que mais te ouço lamentar é que a tua palavra te parece vulgar e sem elevação quando incitas alguém no cristianismo”. Julgava que só conseguia aborrecer os seus ouvintes com a sua fala. Na verdade, nem gostava de se ouvir falando. Por causa disso, resolveu pedir “socorro” a Agostinho, que lhe respondeu com este opúsculo.
Agostinho começa respondendo que o fato de o sermão de Deogratias não agradar a si mesmo, não significa que ele não esteja agradando aos seus ouvintes: “(...) procura entender que o teu discurso não desagrada aos outros assim como te desagrada”. Ademais, o próprio Agostinho confessa-lhe que seus próprios sermões nem sempre lhe agradam: “Também a mim me desagrada quase sempre o meu sermão”
O desejo de nos fazermos entender em tudo o que dizemos – acentua Agostinho – torna-nos quase sempre ansiosos e preocupados e isto pode tornar desagradável a nossa fala. Sem embargo, muitas vezes não é o nosso ensinamento que causa, mas é esta sensação de estarmos sendo enfadonhos que torna desgostosa a nossa fala sobre determinado assunto. Por conseguinte, conclui ainda o Doutor de Hipona: é quando com prazer ensinamos que com prazer somos ouvidos: “O fato é que somos ouvidos com maior prazer quando a nós mesmos nos agrada o nosso trabalho”. |