Este trabalho é um estudo sobre a temática do tempo, em Agostinho. Pretendemos nele mostrar que, inobstante as argutas análises de Agostinho sobre o tema sejam quase sempre remetidas ao escopo da sua psicologia, o fundamento último de toda a sua abordagem reside na sua metafísica. Mais precisamente no tratado da criação, que é justamente o tratado que segue imediatamente à problemática do tempo, na obra em que Agostinho versa sobre ambos de maneira mais sistemática, a saber, as Confissões. Por conseguinte, na nossa pesquisa, privilegiaremos a supradita obra.
Ademais, antes de contemplarmos a questão do tempo enquanto tal, dedicaremos um capítulo para acurar alguns aspectos relevantes sobre o conceito de criação e de criatura em Agostinho, que nos ajudarão, deveras, a melhor situar a própria questão do tempo. Em seguida, adentraremos na questão do tempo propriamente dita, mostrando a intrínseca correlação que a noção de temporalidade tem com o conceito de criatura no pensamento de Santo Agostinho.
Desta feita, alentamos dar assim uma modesta contribuição no sentido de destacar, como, em Agostinho, Deus e a própria metafísica são como os epicentros geradores, dos quais decorrem todos os demais conceitos basilares da sua obra. Com efeito, todos os temas que lhe são caros, quais sejam, o da beatitude, o do homem enquanto pessoa, e o próprio enigma do tempo, pensamos que só possam ser satisfatória e adequadamente assimilados dentro de um quadro orgânico e coeso, quando os abordamos no contexto do mistério de Deus e da conversão do homem Agostinho a Ele, evento verdadeiramente paradigmático para o cristianismo e para a própria cultura do ocidente.
Palavras-Chaves: Tempo – Sucessão – Criatura